CAPÍTULO 8 - OS IRMÃOS
São Bento, para reconhecer a vocação de seus noviços, tinha quatro sinais que nos ensinou e que se podem dizer infalíveis. Examinava, portanto, se o noviço procurava a Deus com toda a pureza, o que já não é tão comum: em segundo lugar se ele tinha zelo pelo ofício divino; a seguir se era pronto na obediência; por fim se suportava bem uma reprimenda, um opróbrio. Si vere Deum quaerit, si sollicitus est ad opus Dei, ad obedientiam, ad opprobria. Estas curtas palavrinhas valem ao menos todo um livro que se intitularia: Do discernimento dos espíritos.
Comprometido pela profissão religiosa, o discípulo de São Bento não pertence mais a si mesmo; cabe à obediência conduzi-lo em todas as coisas. Seu julgamento está submetido a um julgamento superior, sua vontade a uma vontade mais segura; e com isso um monge deve andar na alegria de ver acima de si o superior que Deus encarregou do cuidado de sua alma: Ambulantes alieno judicio et imperio, Abbatem sibi praeesse desiderant.
Uma das coisas que São Bento proíbe com mais insistência é a murmuração. Em todas as ocasiões e por várias vezes, ele volta sobre isso e exclama para todos: Nada de murmurações! A casa de Deus tornar-se-ia a imagem do inferno, se a murmuração ali penetrasse. Há pelo menos sete passagens da Regra nas quais as murmurações são proibidas.
Os irmãos devem amar-se uns aos outros até se obedecerem de boa vontade: o amor que devem a seu pai, a seu Abade, tem duas qualidades essenciais: deve ser ao mesmo tempo humilde e sincero: humilde , porque o Abade é a imagem viva de Nosso Senhor; sincero, porque o monge deve ser, em todas as coisas, o homem da verdade: Veritatem ex corde et ore proferre.
É assim que, com algumas prescrições muito breves, mas muito substanciais, São Bento regula ao mesmo tempo o homem interior e todo o regime da casa de Deus. Beati qui habitant in domo tua, Domine!