Para surpresa do pesquisador alemão Mark Luy, professor da área de análises demográficas, os monges que levam uma vida de isolamento e castidade nos mosteiros são mais longevos do que os leigos com suas comodidades e lazeres.
O trabalho do pesquisador foi divulgado em vídeo pela Deustche Welle, grupo de mídia oficial do governo alemão.
Mais precisamente, os monges vivem em média cinco anos a mais que o comum da população masculina.
Os fatores decisivos não são genéticos, mas não biológicos, revelou o estudo.
Um lugar de fé talvez não pareça o ambiente certo para resolver enigmas científicos.
A rotina aqui quase não muda. Segue regras antigas de séculos atrás.
O que se tem então para descobrir?
Faz mais de cem anos que um pesquisador veio aos mosteiros alemães estudar o quotidiano dos monges e monjas.
Agora a vida religiosa voltou a despertar interesse. Querem saber por que as pessoas vivem mais isoladas do mundo exterior e por que seguem as mesmas regras.
Um local assim é o que busca Mark Louis, professor da área de análises demográficas.
Ele quer saber por que os homens morrem mais cedo que mulheres.
Nos mosteiros, o dia-a-dia de ambos os sexos é igual.
Será que os monges morrem antes?
Se fosse realmente assim, seria a prova de que homens estão condenados por causa dos genes que carregam.
A procura de Mark por pistas começa no cemitério daqui. Surpreendentemente, os monges vivem muito: 81 anos, 82, 86 anos.
Mark sabe que isso não é o suficiente. As informações coletadas no cemitério são apenas um primeiro passo.
O que ele precisa mesmo é de dados de pelo menos 10.000 religiosos mortos e vivos.
Mas estarão os mosteiros na Alemanha preparados para fornecer esse tipo de informação?
No caso de Mark, ele teve acesso livre aos arquivos. O começo de uma jornada a um universo completamente desconhecido.
Os mosteiros fazem um arquivo sobre a vida dos membros da Ordem. São esses manuscritos que Mark pretende achar.
Ao lado da Bíblia, esse é um dos documentos mais importantes de um mosteiro. Ele contém todos os dados pessoais sobre quem participava da Ordem, do ingresso até a morte.
Aqui Mark encontra as informações que necessita. Elas muitas vezes remontam ao século XIX. Revelam desobediências às instruções do abade, suicídios e outros pecados.
O pesquisador percebe que está diante de informações delicadas. Mesmo assim, Mark continua a busca. Depois de dias e noites nas bibliotecas, ele chega a 11.500 casos compilados. Agora, sim, dá para calcular.
Até que idade chegam os homens e mulheres no mosteiro?
Os números comparativos da população:
— homens leigos morrem seis anos mais cedo.
— na linha de vida das monjas não há diferença com relação a outras mulheres.
Então, a surpresa: no mosteiro os homens vivem cinco anos a mais.
A conclusão imediata de Mark é que esse resultado pode causar um alvoroço no mundo científico.
Principalmente se a medicina moderna considerasse ao menos em parte a descoberta.
Mas a pergunta é: por quê?
O que proporciona saúde e vida longa no mosteiro?
A questão originalmente era: são fatores biológicos ou não?
“Com esse estudo pude mostrar com clareza que predomina os não biológicos, porque as pessoas no mosteiro não são diferentes das outras em geral”.
Mark tem certeza de que o relógio biológico dos homens não anda mais rápido. É possível prolongar na média em cinco anos a vida somente mudando hábitos.
Que fatores são determinantes? Por enquanto, apenas dá para especular.
Talvez o ritmo diário constante entre oração e trabalho seja relaxante.
Até atingir a velhice, a comunidade religiosa continua unida. Ninguém fica sozinho e o trabalho é garantido para todos.
Seria esse um freio para o envelhecimento?
Há também problemas. O recrutamento de jovens, o alcoolismo provocado pelo isolamento e, para muitos, o voto de castidade é um preço alto demais a se pagar.
Mas, no geral, nada disso parece afetar as pessoas aqui, a ponto de fazer com que fiquem doentes. Muito pelo contrário.
Fonte: https://cienciaconfirmaigreja.blogspot.com/2017/07/pesquisa-revela-que-os-monges-vivem.html