1. – ESPÍRITO DE HUMILDADE

O Pe. Muard escreveu em suas Constituições: “Nós estabelecemos a divina e santíssima humildade como fundamento de nossa sociedade, como princípio constitutivo de nosso espírito e queremos que ela seja o caráter distintivo de nossa Congregação, cujo fim principal é combater o orgulho, vício dominante deste século, pela prática dessa virtude.” São Bento estabelece com efeito a humildade, à qual consagra um longo capítulo, como fundamento de sua Regra . “Este capítulo é o sumário sucinto e o desenvolvimento total da Regra. O mosteiro é uma verdadeira academia de humildade. Falar, agir e se mostrar com ares de grandeza: eis a peste e o antípoda do espírito beneditino.” Queria também o Pe. Muard que seus monges se considerassem “como os últimos dos religiosos, tendo sempre pouca estima por eles mesmos, como miseráveis pecadores dignos de todos os opróbrios, e sua sociedade como a última de todas as sociedades religiosas. Da mesma maneira que é para os lugares mais baixos que vão as águas dos esgotos, dizia ele, nós devemos estar tão baixo que todos os desprezos do mundo venham cair sobre nós.” Essas palavras são um eco desta de São Bento: “CRER NO ÍNTIMO DO CORAÇÃO QUE SE É INFERIOR A TODOS E O MAIS VIL”.

“A humildade é o esplendor da verdade. Se vós sois mediocremente humildes, sereis mediocremente verdadeiros.”

Mas a humildade verdadeira é rara… “Cada vez mais constato como é rara essa virtude entre as almas consagradas a Deus. Como, ao contrário, o amor próprio se desenvolve livremente, estraga as melhores virtudes, interrompe todo progresso sério e origina até, aqui e ali, verdadeiros pequenos escândalos.” É porque não é fácil tornar-se humilde! “Em razão de nossa queda original, a humildade é a mais difícil de todas as virtudes. Cada um de nós só pensa em si. “Eu! eu!” é nossa suprema atividade; “eu!” nós estamos presos a isso por todos os lados. No entanto, Deus não pode fazer nada de grande a não ser sobre o fundamento da humildade.”

É preciso que sejamos humildes… “Sem a humildade forte e profundamente estabelecida não faremos nada de bom, tornaremos estéril a fundação.” Por quê? – “O que é preciso para conhecer os caminhos de Deus? É preciso a humildade, a verdadeira humildade. A humildade nos desapega cada vez mais, nos desprende da terra. Ela equilibra e pacifica a alma. Ela dá um maravilhoso instinto da verdade, dissipa as ilusões e, enfim, dita palavras justas e medidas. A humildade dá constância, continuidade. O orgulho gera a instabilidade, a agitação, a incoerência. Um monge verdadeiramente humilde está contente com tudo o que é vil e extremo. A humildade e a confiança andam juntas. A humildade dilata nossa alma. O orgulho a contrai. Diz-se inchar de orgulho? Dê uma espetada no balão e ele se torna um trapo! Quando cessamos de pensar em nós mesmos, é então que cuidamos melhor de nossos interesses. Quando não pensamos em nós mesmos, Deus pensa em nós. Quanto mais nos afastamos de nós, mais Ele cuida de nossos interesses. Deus não pode resistir ao encanto da humildade. A humildade atrai suas graças.”

Como adquirir a humildade? – “Deus nunca deu gratuitamente a humildade. Se a desejamos seriamente, procuremos as humilhações, esperemos as humilhações – Por acaso existe humildade sem humilhação? – e quando vierem, façamos-lhes bom acolhimento. Do contrário, Deus nos poupará.” É suficiente aceitar bem as humilhações? – “É preciso amá-las. Se somos humildes amemos, amemos as humilhações! Indispensáveis quando as merecemos, elas são também excelentes e desejáveis quando não as merecemos.” – Como se chega a amá-las? “O orgulho só é possível no esquecimento ou desprezo de Deus. Deus conhecido, meditado, procurado é o orgulho enfraquecido, exterminado.”

“Apliquemo-nos à humildade verdadeira e sólida. Sejamos humildes de espírito, de coração, de vontade e de conduta. É principalmente por um grande cuidado e culto da humildade que devemos nos distinguir na Ordem.”

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