6. – OS VOTOS

Um ano de noviciado permite julgar acerca das disposições do indivíduo. Então, se a comunidade o admite, ele pronuncia, por três anos, os três votos de religião: pobreza, castidade e obediência. À expiração desse prazo, tendo sido a comunidade novamente consultada, ele pronuncia os votos solenes que o consagram definitivamente a Deus e o tornam membro da família monástica. A fórmula desses votos se encontra na Regra de São Bento: “PROMITTO STABILITATEM, CONVERSIONEM MORUM MEORUM ET OBEDIENTIAM SECUNDUM REGULAM”. “PROMETO A ESTABILIDADE, A CONVERSÃO DE MEUS COSTUMES E A OBEDIÊNCIA SEGUNDO A REGRA.”[27] “Desde o século VI, essa fórmula tão breve em seus termos, tão profunda e tão absoluta em seu sentido, não sofreu nenhuma modificação.”

1. Estabilidade

“Em primeiro lugar a estabilidade, pela qual, no que depende de si mesmo, o monge está fixado na comunidade que ele escolheu e adotou.”

“A família repousa sobre a estabilidade. O Pai e a Mãe são pai e mãe sempre. Só a morte pode romper o exercício de sua autoridade. Os filhos serão filhos sempre. O voto de estabilidade nos fixa sob a autoridade do Abade até a morte. Ele une para sempre o soldado de Cristo aos chefes e aos companheiros de armas uma vez escolhidos.”

 

Quais são as vantagens da estabilidade? – “Mantendo-se as mesmas pessoas em presença umas das outras, a estabilidade lhes dá  uma implacável penetração mútua dos menores defeitos, que é pouco cômoda para o amor-próprio, mas preciosa  para o bem de cada um e para a ordem geral. Assim se acham corrigidas duas tendências que se revelam quando falamos de nós mesmos: primeiramente, consiste em atenuar, disfarçar o melhor possível, tudo o que é contra nós; em segundo lugar, fazer sobressair artisticamente tudo o que é a nosso favor. São Bento estabeleceu o voto de estabilidade contra essas duas tendências. É um remédio contra as ilusões.”- E contra a inconstância… – “Tira as ocasiões de variação, de inconstância. Concentra as diferentes fases do combate num mesmo lugar, sob o mesmo comando, diante das mesmas testemunhas, no manejo das mesmas armas, todas escolhidas por um mestre como São Bento. Assim, pela estabilidade, o combate espiritual é reduzido a uma espécie de duelo em campo cerrado, e este se prosseguirá sem descanso, o que é necessário, pois durará toda a vida; é necessário conduzi-lo com perseverança. Ora, se nas obras importantes e trabalhosas, a estabilidade dá o seguimento indispensável, ela é bem mais necessária num trabalho de santificação, que deve durar a vida inteira. Do ponto de vista instrumental, ela é decisiva. Ela fixa, prolonga, une à ação do tempo e da continuidade, a ação da graça. A perseverança é a melhor tradução do voto de estabilidade.”

 

Esse engajamento não é difícil de manter ? – “Não. A estabilidade produz, pouco a pouco, o equilíbrio das faculdades, a paz da consciência, uma visão muito mais clara de si mesmo. Ela estabelece as almas na calma e no silêncio interior, num estado que as mantém sem cessar à disposição do Espírito Santo. “Non in commotione Dominus”. É por isso que ela é praticada sem dificuldade.”

 

Então, ela é necessária? – “Tocar no voto de estabilidade, é demolir a Regra. Pode-se notar através do curso da história monástica que onde a estabilidade não existe, os desenvolvimentos são muito difíceis e, ainda assim, momentâneos. Ao contrário, logo que essa virtude intervém, tudo é possível. Mosteiros, pouco numerosos aliás, não compreendendo a importância da estabilidade, não a aplicando, ficaram em situações incertas, e foi preciso que o conjunto de religiosos de uma província interviesse para remediar a situação. Os mosteiros isolados se esgotaram. Mas, onde se manteve a estabilidade com toda a sua força, os mosteiros floresceram, apesar das cegueiras do período contemporâneo dos séculos XVIII e XIX.”

2. Conversão de Costumes

 

 

“É incontestável que o voto de conversão de costumes é mais elevado que o de estabilidade. “Não é pouca coisa, diz a Imitação, viver no Mosteiro e aí perseverar fielmente até a morte.” E, no entanto, é coisa bem maior ainda exercer, durante esse tempo de perseverança, seu voto de conversão de costumes.”

Que significa esta expressão? – “Discutiu-se muito sobre o alcance desta expressão “conversão de costumes”. Pouco importa! Tomemo-la na simplicidade do termo. É a obrigação de tender sem cessar a afastar-se do mal e aperfeiçoar-se no bem.”

Na prática, a que obriga esse voto? – “1- Ele exclui, com mais força do que o decálogo, o pecado mortal, o pecado venial, o apego ao pecado, a negligência em relação aos defeitos.”

“2- Ele pede o uso mais perfeito possível do sacramento da penitência e, por conseqüência, o exame de consciência sem ilusão, o zelo em combater as pequenas faltas, o conhecimento exato do que  exige a pobreza, a castidade, a obediência, a estabilidade, a fim de praticar as virtudes que são o objeto desses votos com todas suas delicadezas.”

Esse voto é então diretamente oposto ao pecado. – “Desviar-se do pecado é o começo da conversão.  A conversão de costumes é pois, antes de tudo, a abolição do pecado. Ela começa na consciência que deve ser regrada, esclarecida sobre os verdadeiros princípios e que não deve confundir o mal com o bem, desculpar suas faltas. Que não haja ilusões.”

É a primeira etapa. Em seguida… “Ela obriga a tender à perfeição, a progredir todos os dias. 1- Para não se lhe opor, é suficiente ser fiel à Regra em geral. 2- Para atingir o fim desse voto, devemos nos compenetrar não somente da letra, mas do espírito da Regra, não podemos nos contentar somente por não estarmos recuando, mas devemos avançar e trabalhar positivamente para eliminar os defeitos. Não se trata aqui de uma veleidade de combate contra os defeitos, de algumas resoluções abandonadas logo: a luta deve ser determinada (não há compatibilidade entre a  conversão de costumes e tudo o que se chama negligência, tibieza, à vontade, espírito do mundo e procura de si: a primeira conversão consiste em separar-se de si mesmo), a luta deve ser determinada, começada, continuada com perseverança até a eliminação dos defeitos.”

“O ponto em que é necessário colocar o esforço inicial: as disposições interiores; as intenções em primeiro lugar; em seguida, os movimentos tão variados que se passam no íntimo de nossa alma e que só Deus pode discernir. A escolha dos pensamentos, das idéias que é necessário entreter ou afastar, o desaparecimento das incertezas, das hesitações, das vontades que não estão suficientemente definidas (nossa marcha para Deus deve ser direta, firme, simples e contínua). Oh! sim, a conversão de costumes assegurada na região dos pensamentos, dos sentimentos, das disposições em relação a Deus primeiramente e, em seguida,  em relação ao próximo.”

Chega-se assim à eliminação dos defeitos... “E a eliminação dos defeitos prepara a aquisição das virtudes, na qual consiste a construção do edifício espiritual.”

Chega-se à conversão perfeita? – “A conversão simples e perfeita é, com o ódio e a expiação do pecado, a adesão perpétua a Deus num estado de luta para manter o seu reino e reagir contra tudo que a isso se oponha. Assim entendida, a conversão designa e pede a prática de toda a Regra.”

De modo que esse voto tende a nos introduzir na vida mística. – “Há uma conexão íntima de natureza entre a vida mística e o voto de conversão de costumes. Na vida mística a alma move-se e deixa-se mover principalmente pela iniciativa divina. A alma se entregou sem reserva, e Deus, encontrando essa fidelidade, a conduz aonde Ele quer. O voto de conversão de costumes é o estímulo às almas a nunca parar, a não pôr limites à ação da graça.”

“Ora, à medida que ela avança, ela vê, da maneira mais clara, que ela é indigna, que  não fez nada, que Deus é muito bom por suportá-la. Ela adquire d’Ele um conhecimento de tal modo resplandecente que, à luz da santidade divina, ela vê, nos seus atos de virtude, sobretudo o que não é e o que deveria ser, o que seria conveniente para que ela pudesse apresentar-se diante da face do Senhor. E com essa visão que lhe dá a aproximação de Deus, nascem estímulos poderosos para fazer sempre mais.”

“Na vida mística, chega sempre um momento onde a alma está menos preocupada, por assim dizer, em se santificar, do que em se imolar a Deus. Mas ela já sabe que a imolação, para ser digna de Deus, deve ser acompanhada de uma grande santidade. Como querer que a alma deixe de progredir nessa escola do calvário? O voto da conversão de costumes, considerado desse ponto de vista, à luz da vida mística, aparece como a mais bela homenagem que uma criatura pode prestar a seu Deus. Assim considerado, ele ornamenta com seu reflexo magnífico os outros votos, que então são elevados ao seu grau mais alto. O voto de obediência é praticado de tal maneira que a vontade do homem se funde completamente na de Deus. A pobreza é vivida à maneira de Nosso Senhor Jesus Cristo: a mais completa indiferença com relação aos bens desse mundo. A castidade é observada a ponto de espiritualizar o que há de mais material.”

“Assim realizado, o voto de conversão de costumes reflete-se, resplandece no amor. Ele se confunde, de certo modo, com o amor. O amor conduz a alma a desejos cada vez mais vivos de virtude e de santidade: o voto de conversão de costumes mantém no coração, na vontade, um desejo insaciável de combate e de vitória. A alma se lança seguindo Nosso Senhor. “Exsultavit ut gigas ad currendam viam.”

Existem, pois, vários graus na conversão. – “Converter-se do mal ao bem, eis o voto no grau inicial. Depois, converter-se do bem ao melhor, do melhor ao perfeito, do perfeito ao heróico.”

“Desse caminho luminoso a percorrer, todas as etapas são distintas, determinadas, descritas no texto da Regra e por um dos maiores Doutores e Diretores de Santidade prática, o Bem-Amado de Deus, Bento. Esta Regra, obra-prima de legislação monástica e social, é também o código mais bem combinado, o mais simples e o mais completo do ascetismo cristão. A conversão que ela exige, em virtude do voto, ela a toma no seu grau inicial, que é a ruptura com o pecado, para conduzir “ ÀQUELE AMOR DE DEUS QUE, SENDO PERFEITO, EXPULSA O TEMOR”. “CARITATEM ILLAM QUAE PERFECTA FORAS MITTIT TIMOREM.”

3. Obediência

 

 

 

“Na prática e no detalhe, a conversão de costumes se resume na obediência que é o objeto do terceiro voto e que conduz à abnegação total de si mesmo.”

 

“Não há nenhum estado em que a obediência não deva interferir, visto que é ela que resume a vida de Nosso Senhor e que é a lei fundamental da Igreja e de todas as almas que caminham nas vias da salvação. Mas, no próprio seio da Igreja, o gênero de vida mais concentrado na obediência é incontestavelmente o estado monástico com a Regra que lhe é própria. Veja-se somente o capítulo cinco da Regra. É a fusão do “eu” humano com a vontade de Deus manifestada pela autoridade legítima, nos limites de suas atribuições e sempre segundo a Regra.”

 

“A santidade se resume nisto: nossa vontade se submetendo tão bem e com tanta constância à vontade de Deus, que não se possa encontrar mais nada em nós fora dessa vontade dominando a natureza, em todos os seus detalhes. É a realização desta palavra de Isaías: “Vocaberis: Voluntas mea in ea”. O termo da santidade é a obediência. É preciso que tudo se faça na obediência. A obediência é Deus em nós e nós em Deus.” – O grau de santidade mede-se, pois, pelo grau de obediência. – “Um beneditino vale o que vale sua obediência.”

 

Se pensássemos nisso, seríamos exatos na obediência. – “É preciso ser muito delicado na obediência. A vontade do religioso constitui a matéria do holocausto que ele põe sobre o altar quando faz profissão. Logo, por pequenas que sejam as faltas contra a obediência, elas se tornam uma rapina no holocausto.”

 

No entanto, a obediência custa! – “Nossa vontade própria é tão pegajosa! Trazemos em nós uma coleção de resistências que é preciso sacrificar a Nosso Senhor até o nosso último suspiro.”

É preciso ainda querer obedecer com sinceridade. – “Quer-se obedecer, pretende-se obedecer, mas, por mil voltas e com belas e piedosas invenções, pensa-se enganar a Deus e retoma-se para si toda a vontade e todo o julgamento dos quais lhe havíamos feito um holocausto eterno. Esses são fantasmas de religiosos, aparências de pessoas que querem a santidade, mas que a querem em poesia, em imaginação.” – É acaso possível tornar-se um religioso dessa espécie? – “É suficiente, para isso, entrar na via dos “mas” e dos “se”. Perde-se tempo conversando consigo mesmo. Cansa-se a bondade dos melhores superiores que não compreenderão mais nada, que decidirão dizer: “Faça como quiser!” Que tristeza haver entrado em religião para obedecer e não obedecer.”

 

É preciso obedecer sem demora. – “Pensar dez vezes antes de obedecer não é olhar para trás e começar já a sua própria derrota? O atraso transforma-se, muitas vezes, em omissão.” – Mas, e se tivermos uma razão para demorar? – “Por que esperar quando Deus fala, senão porque nos preferimos a Ele?” – “O PRIMEIRO GRAU DA HUMILDADE, escreve com efeito S. Bento, É A OBEDIÊNCIA SEM DEMORA. ESTA CONVÉM ÀQUELES QUE ESTIMAM NÃO HAVER NADA MAIS CARO QUE  CRISTO.” – “Não se tem a virtude da obediência, senão quando os atos dela são feitos com prontidão. Se há prontidão da obediência, a alma é fervorosa.”

 

Isto supõe uma grande renúncia. – “A obediência é a espada da renúncia penetrando até o mais íntimo do nosso ser, para nos retirar de nós mesmos.”

“A obediência é o dom da alma a Deus. De outro modo, dê quantos presentes quiser a Deus e não lhe terá dado nenhum. Quando Nosso Senhor nos diz: “Fili, praebe cor tuum mihi”. “Meu filho, dá-me o teu coração”, é como se nos dissesse: “Dá-me tua vontade”, pois o fundo mais íntimo do coração consiste na vontade. A própria virgindade é pouca coisa diante de Deus quando não é coroada pela obediência e pela humildade.” – Nada vale mais que nossa obediência, porque nada mostra melhor a Deus o nosso amor. – “Deus nos pede o amor provado pela submissão.”

 

É preciso então oferecer-lhe uma obediência sem limites. – “Todo o esforço da santificação consiste em sacrificar sua vontade profunda por uma obediência universal, constante, tanto interior como exterior.”

 

O voto nos pede tudo isso. – “Para guardar estritamente o voto, é suficiente não elevar-se deliberadamente contra uma ordem formal e expressa. Mas deve-se desejar mais. Não desejemos guardar somente o princípio da obediência, é preciso abraçar toda a obediência; não obedecer somente a uma ordem, mas também a um conselho, a um desejo expresso ou simplesmente adivinhado, pensando que é mais perfeito obedecer a um conselho do que a uma ordem, a um desejo do que a um conselho, a um desejo adivinhado do que a um desejo expresso. O religioso que compreende sua vocação não deve se limitar a guardar o princípio da obediência, mas aplicar-se a ser fiel a ela nas menores nuances. O monge deve formar seus pensamentos, suas apreciações interiores, seus sentimentos sobre os princípios estabelecidos e deles se penetrar totalmente.”

 

Os dons naturais são apagados pela obediência assim compreendida? – “O esplêndido relevo com que se destacam através da história as personalidades tão variadas dos santos e santas da Ordem Beneditina prova bem que a obediência, longe de anulá-los, leva a seu mais alto grau de perfeição os dons naturais recebidos de Deus. Se o grão de trigo humano cai em terra de obediência para aí morrer em honra de Deus, torna-se então capaz de frutificar com maravilhosa abundância.” – Como ela opera essa maravilha? – “A obediência tem uma recompensa imediata: a tranqüilidade de espírito.” – O espírito tranqüilo é lúcido. – “Nós já não somos muito esclarecidos nesta terra. E quando nos pomos a seguir nosso próprio espírito, então, é a noite completa.” – Ao contrário, há luz quando seguimos o espírito de Deus. – “Quem abdica da sua própria sabedoria encontra a de Deus.”

 

O sacrifício do julgamento é difícil de realizar? – “O sacrifício do julgamento não consiste em aniquilá-lo, nem em suprimi-lo, mas em submetê-lo para servir-se dele com mais segurança, conformando-o com o de Deus, manifestado pelos superiores.”

 

Deixar-se conduzir por Deus. – “Se os homens quiserem ser justos, que eles se deixem conduzir. Nada é tão temível como a iniciativa humana pessoal em todo tipo de coisas e, sobretudo, na maneira de se conduzir. Ora, assim começam todas as suas faltas: eles resolvem conduzir-se a si mesmos.” – Então as paixões os conduzem. – “Nosso escudo contra as paixões é a docilidade. A sã e verdadeira liberdade acha-se na obediência sem demora, a qual exclui todas as escravidões, quaisquer que sejam.”

“Com a obediência, não há nada a temer: a alma fica numa fortaleza protegida de todos os lados. Por quê? Porque a obediência é a vontade de Deus posta em prática sem condições, sem discussão, sem “se”, sem “mas”: Vós quereis isto, meu Deus? então será isto!”

É suficiente querer? – “É fácil dizer ‘a obediência’; mas que grande virtude! É necessário todo o tempo da vida religiosa para adquiri-la. A obediência e a santidade são uma coisa só.”

“Obedecer a Deus, mas como a um Deus.”

4. Pobreza

 

 

Os beneditinos não mencionam a pobreza  quando pronunciam seus votos solenes… “porque a pobreza é essencial ao estado de perfeição.” Pelo fato de se estar no estado de perfeição, está-se obrigado à pobreza. – “O voto de pobreza tem a importância de um alicerce;  sem ele, o estado religioso não existe, é impossível chegar à perfeição. Por quê? “Si vis perfectus esse, vade, vende omnia et da…

Em que ele consiste? – “É o engajamento sagrado pelo qual nos despojamos de toda liberdade na disposição dos bens deste mundo. Doravante não se tem mais a propriedade deles. Não se dispõe de nada, “NIHIL OMNINO NIHIL”, diz São Bento, NEM MESMO DO SEU PRÓPRIO CORPO. É a nudez do crucifixo.”

5. Castidade

 

 

 

 

O voto de castidade é igualmente essencial ao estado religioso; sem ele não há vida religiosa. Como o voto de pobreza, ele está pois implicitamente compreendido no voto de estabilidade, de conversão de costumes e de obediência.

Veja-se a sobriedade de Nosso Pai São Bento: “CASTITATEM AMARE”. Essa sobriedade é um ensinamento para os monges. A castidade é talvez antes uma resultante do que uma virtude distinta, uma resultante da humildade e, sobretudo, da obediência. São Pedro diz: “Animas vestras castificantes in obedientia caritatis”. “Tornai vossas almas castas pela obediência”. As três fontes da castidade são pois: a humildade, a obediência, mas, antes de tudo, a Obra de Deus (Ofício Divino). O Opus Dei, desde a primeira palavra até a última, no seu texto, nas suas cerimônias, nas suas próprias melodias, é uma semente de pureza angélica: tudo nele vem do mundo angélico, tudo nele faz voltar a esse mundo.

 

A castidade não é um duro sacrifício? – “A castidade é um cativeiro de tal modo doce que após tê-lo experimentado não se pode viver sem ele, sem querer que ela impere cada vez mais. Essa felicidade da castidade é:

 

1 – para a inteligência: a pureza, a acuidade, a penetração do olhar.

 

2 – para a vontade: o vigor, a força, uma têmpera especial.

 

3 – para o coração: a independência. O coração é terno, penetrado de humildade, dotado de uma sensibilidade muito especial. A natureza humana é violentada, desonrada, ela não é mais ela mesma, quando falta a castidade, pois a castidade é o domínio da alma sobre os sentidos.”

 

“Estejamos dispostos a dar nossa vida antes do que cometer, nesse ponto, a mais leve falta. Ela é ou não é. É preciso que ela apareça em sua integridade, que reine sobre a alma, sobre o corpo, na conduta interior.”

 

São Bento recomenda: “CASTITATEM AMARE”. “Amar a castidade como Deus a ama. Amá-la de uma maneira absoluta.”

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