CONGREGAÇÃO BENEDITINA DO BRASIL
A Ordem de São Bento se estabeleceu no Brasil no século XVI, sendo os monges oriundos da Congregação Beneditina de Portugal. O primeiro mosteiro fundado foi o de São Sebastião, na Bahia, em 1582. Em seguida, foram fundados os mosteiros de Olinda, entre 1586 e 1592, o do Rio de Janeiro, em 1590, e o de São Paulo, em 1598. Os mosteiros beneditinos do Brasil, constituídos em Província da Congregação Beneditina Portuguesa, tiveram o seu apogeu nos séculos XVII e XVIII, com muitas vocações vindas tanto de Portugal como nativas. Prosperaram, também, material, espiritual e intelectualmente.
Os mosteiros brasileiros separaram-se da Congregação Beneditina Portuguesa depois da Independência política, em 1827 e foram no mesmo ano erigidos pelo Papa Leão XII em Congregação própria, com o nome de Congregação Beneditina do Brasil. As abadias que a compunham eram: São Sebastião da Bahia, São Bento de Olinda, Nossa Senhora do Monserrate do Rio de Janeiro e Nossa Senhora da Assunção de São Paulo (tradicionalmente todos são chamados Mosteiros de São Bento). No Brasil, o século XIX foi um século marcado pelo filosofismo oriundo da Revolução Francesa, através da maçonaria. Nesse século vários países da Europa extinguiram as ordens religiosas; no Brasil, adotaram-se métodos menos radicais, proibindo-as de receber noviços, mas o fim era o mesmo: a morte lenta destas instituições. Os monges do Brasil foram diminuindo aos poucos, ceifados pela morte e o governo impedia o ingresso de novas vocações. A situação era desoladora e de desânimo, mas a Providência divina, que governa o mundo, tinha a sua hora e ela chegou. Em 1889 caiu o regime monárquico e foi implantada a república, que estava eivada de positivismo e nada queria saber da Igreja; o catolicismo não foi mais tido como religião do Estado, como na monarquia, e isso deu à Igreja liberdade de se organizar. O novo regime republicano antes ignorou a Igreja do que a ajudou. Logo as Ordens religiosas começaram a entrar em contato com suas casas da Europa para se restaurarem. O abade geral dos beneditinos do Brasil e abade do Mosteiro da Bahia, Dom Domingos da Transfiguração Machado, dirigiu-se ao papa Leão XIII, pedindo sua interferência junto aos beneditinos da Europa para ajudarem a restauração dos mosteiros do Brasil. A Congregação de Beuron aceitou a incumbência e enviou para a tarefa o monge de Maredsous, Dom Gerardo van Caloen, com um grupo de padres e irmãos conversos que chegaram ao porto do Recife no dia 17 de agosto de 1895. O grupo era formado por alemães e belgas. Foi-lhes cedido o Mosteiro de Olinda, onde se instalaram e começaram a vida regular com a celebração do Oficio Divino. A obra de restauração dos mosteiros do Brasil se processou progressivamente, começando a receber noviços. Com as vocações brasileiras e com outras, vindas da Europa, os mosteiros puderam ser repovoados. De Olinda, a restauração passou aos Mosteiro da Bahia, São Paulo, e em 1903, foi restaurado o Mosteiro do Rio de Janeiro. Dom Gerardo van Caloen estabeleceu na Bélgica uma procuradoria de vocações europeias para os mosteiros do Brasil, fundando o Mosteiro de Santo André, mais tarde elevado a abadia. Separou-se depois da Congregação Brasileira para se unir a outros e assim formar a nova Congregação Belga. Dom Gerardo era vigário geral do abade geral Dom Domingos. Em 1907, com o consentimento da Santa Sé, foram designados os abades das quatro abadias: Dom Domingos, abade da Bahia, tendo por coadjutor Dom Majolo de Cagny; Dom Gerardo, Rio de Janeiro, tendo por coadjutor Dom Crisóstomo de Saeger; Dom Pedro Roeser, Olinda e Dom Miguel Kruse, São Paulo. Tendo a Santa Sé entregue as missões do Rio Branco ao mosteiro do Rio de Janeiro, este mosteiro tornou-se abadia territorial e seu abade prelado. Dom Gerardo foi elevado a bispo titular de Focea. A 1º de julho de 1908, Dom Domingos entregou sua alma a Deus. Por ocasião da nomeação dos novos abades constituíram-se as famílias monásticas, passando os monges a fazerem, daí em diante, voto de estabilidade para cada mosteiro (antes o voto de estabilidade era na Congregação). Pouco depois se reuniu o capitulo geral em Roma, quando foram redigidas as novas Constituições, moldadas segundo as Constituições de Beuron e aprovadas pela Santa Sé.
O Mosteiro de Santos, fundado em 1625, criado priorado conventual em 1925, anos depois transferiu-se para Vinhedo, perto de Campinas. Devido à falta de pessoal foi assumido pela Arquiabadia de St. Vincent, dos Estados Unidos, da Federação Americano-Cassinense.
Em 1940 fundou-se o Mosteiro de São Bento em Garanhuns, Pernambuco, para onde se transferiu a Escola Claustral dos oblatos, que estava numa dependência do Mosteiro do Rio. Fechada em 1966 essa Escola, ficou o mosteiro dependente da Abadia de Olinda, com direito a noviciado próprio desde 1980. A partir de 1986 é priorado conventual, ou seja, independente.
No sul de Minas, perto de Itajubá, fundou-se, em 1956, o Mosteiro de Santa Maria de Serra Clara, com noviciado próprio e uma vida de cunho acentuadamente contemplativo. Em 1957 foi erigido canonicamente. como priorado simples, ficando sob a jurisdição do Abade Presidente da Congregação. Transferido para Pouso Alegre em 2006, modificou o nome para Mosteiro de São Bento e foi erigido em priorado conventual em 2007. Este mosteiro transferiu-se em 2013 para Bolonha, na Itália, assumindo o Mosteiro de Santo Estevão, que era até então um mosteiro de monges beneditinos olivetanos. Compreende um complexo de igrejas e edifícios de grande valor histórico e artístico (Basílica de Santo Stefano). Este mosteiro italiano é agora um priorado conventual da Congregação Beneditina Brasileira. O Mosteiro de Pouso Alegre passou a ser priorado simples em 2014, dependente de Bolonha. No ano seguinte transferiu-se para Frederico Westphalen, no Rio Grande do Sul, mas fechou em 2017.
O Mosteiro da Santa Cruz, em Brasília, foi fundado pelo mosteiro de Olinda, em 1987, como priorado simples, com noviciado próprio, passando a priorado conventual em 1995.
(Dom Celestino, OSB – Separata de “Em Comunhão” n° 100, de 1993 – Atualizações elaboradas por D. José Palmeiro Mendes, OSB em dezembro de 2017. Edições Lumen Christi)