4. – A COMUNIDADE

São Bento organizou a comunidade de acordo com o modelo da família – “Em sua constituição íntima, a vida monástica apresenta um ambiente inteiramente familiar, com a paternidade, a fraternidade, a expansão e a estabilidade. A reunião dos monges forma uma sociedade completa e autônoma. Os monges são como filhos em volta do pai. Não são nem estrangeiros, nem pensionistas, nem hóspedes, mas verdadeiros filhos de família. O mosteiro não é, portanto, uma simples residência, nem uma custódia[23], nem um convento transitório, mas uma verdadeira casa paterna, uma igreja estável por natureza e uma família completa. Quando uma alma entra em religião, ela só deixa a família natural para entrar numa família sobrenatural.”

A comunidade deve ser numerosa? – “Temos necessidade de ser numerosos e dispostos em abadias poderosas para cumprir dignamente o serviço do Opus Dei e o Apostolado. Aproveito todas as ocasiões para gravar este princípio no espírito de meus filhos: permanecer juntos, formar uma abadia de escol, muito disciplinada, muito solícita, muito monástica, numerosa, podendo fornecer homens para o exterior sem correr o risco de se deixar deformar no interior; um mínimo de cinqüenta padres, e um esforço constante para chegar a uma boa centena com cerca de quarenta irmãos conversos” – Se outra fundação se apresenta… – “Que as comunidades renunciem a toda fundação e a todo empreendimento até que elas tenham cada uma um colégio de cinqüenta padres ao menos, um noviciado sério e uns vinte conversos conhecendo diversos ofícios.”

Comunidades tão numerosas podem manter a unidade? – “Não negamos que não haja nunca pequenas divergências. As divergências, a variedade, Deus as quer. Cada um de nós tem seu temperamento, seu caráter; ninguém está isento de defeitos, de faltas.” – Como unir esses elementos diversos? – “Deve-se realizar a união dos espíritos quanto à maneira de conceber o respeito à autoridade, a prática da Regra, quanto às verdades de fé, quanto às apreciações gerais que devem dirigir o movimento intelectual da comunidade. Além da união dos espíritos, é necessária a união dos corações e das vontades, é necessário o entendimento com a autoridade e o entendimento fraterno.” – E se os corações, as vontades estivessem unidos sem que os espíritos o estivessem? – “Então, a graça que se deveria pedir a Deus é que Ele estabelecesse a união dos pensamentos como Ele já estabelecera a união dos corações e das vontades. Do contrário, haveria aí um fermento escondido e sempre pronto a irromper em críticas, recriminações, disputas, murmurações e, finalmente, em graves divisões.”

Na prática, como realizar esta união? – “Não há nem mal, nem perigo, nem conseqüências a temer, quando, numa questão suscetível de quatro ou cinco soluções diversas, colocamo-nos inteiramente de acordo com a autoridade na solução que ela escolheu.”

“O que fará a força e a beleza da comunidade, é a união de espírito, de vontade e de sentimentos que reinará entre todos. Mas esta união só será profunda e durável  se todos estiverem muito forte e sobrenaturalmente unidos a seu Abade.”

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